sexta-feira, 2 de março de 2012

Soneto ao amigo cadáver

No artigo passado, eu falei um pouco sobre a vida de Andreas Vesallius, um grande anatomista. Tal fato me fez recordar de um soneto que escrevi no ano de 2004, o qual foi colocado no convite de minha formatura de Medicina.

Vamos aos fatos:

Soneto ao amigo cadáver


Amigo, que repousas nesta laje fria,

Que sofres com o líquido conservador

Calando-se em sono eterno sem dor,

Para doar o corpo à Anatomia.



Tens na alma as lições de vida de ardor,

Bem como os reflexos de tua agonia,

Sentimentos passados, vistos em um dia;

Dignificando o ser, que abrigou teu amor.



Não se sabe se sentes desconforto mais

Na manipulação do teu "eu" incapaz.

Restando gratidão a ti da mãe Medicina.



És o mestre sem vida que sempre ensina

Salvar vidas no mundo de carnificina.

Assim, digo ao amigo: "Vai! Dorme em paz!".


Marco Valério G. B. Gonçalves

Nenhum comentário: