sábado, 31 de dezembro de 2011

_ Amor para todos, então!

Não existe dia melhor para refletir o ano passado na perspectiva de elaborar um ano ainda melhor.

A grande qualidade do ser humano é a busca pela excelência, que estabelece em nós a necessidade de estarmos sempre procurando o melhor em nossos feitos e atitudes.

A conquista de vitórias só é possível pelo aprimoramento de nossas qualidades e correção de nossas falhas, sendo assim se ver a necessidade da excelência no crescimento da mente, do corpo e da alma.

Hoje, é dia de refletir sobre tudo isso. É dia de pegar uma cardeneta e colocar os pontos que deram certos e errados. Nos itens promissores, deve-se fazer a estratégia de melhorá-los ainda mais, já nos que não foram cordiais, no papel, devem constar soluções práticas, visando à superação das lágrimas tristes que se passaram.

Estamos no último dia do ano, tempo final de analisar o passado pensando no futuro do próximo ano. Se tivesse de resumir em uma só palavra um sentimento que pudesse se espalhar pelo mundo entre todos os povos, de uma forma contínua e homogênea, neste momento. Esse sentimento seria o amor:

_Amor para todos, então!


Marco Valério G. B. Gonçalves.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Regionalismo linguistico: interpretando o "nordestinês"





No livro "Deu com a pleura!- Matutices da cidade grande, Gustavo Arruda, através de histórias bem-humoradas esclarece através de glossário, as palavras comumente usadas pelo povo nordestino. Vamos conferir alguns trechos do livro com sua devidas "traduções", por exemplos:

"E o domador Sansão emburaca rapidinho, manda uma tuia de cachorro vira-lata pular por riba de um balde, atravessar um bambolê, ficar de pé e acaba também." (texto: O globo da morte no circo de lona furada)

emburaca: entra abruptamente (penetra de repente no "buraco")
tuia: porção
riba: cima ( do latim, "ripa" =margem elevada)


"Anda de lotação, trem, metrô, sopa, bigu, camburão, bicicleta, boléia de caminhão, carroça, ambulância ou de pés." (texto: Vida dura não é mole)

lotação: tipo de transporte coletivo no qual só pode viajar sentado.
sopa: ônibus *
bigu: carona (termo originado de duas palavras inglesas: os americanos, acampados em Recife e em Natal durante a Segunda Guerra Mundial, pediam carona aos jipes dos colegas passantes diezendo "Be good!")
de pés: a pé


"Eu sei que ficou uma ladainha renitente da bexiga, um zum-zum-zum arretado, um balaio-de-gato da gota serena e um fuzuê do créu na frente lá de casa. Meia dúzia de menino greiando, todo mundo querendo acordar o padre, a futriqueira ligando pra delegacia e Zé Bigode de Bode, chapado, chamegando a vitalina.

Quando dei fé Biazinha de Dona Deda (só de safadeza) desembestou a fazer esparro pra dar um estremilique (um piti). Arrevirava o ôio (feito máquina de jogo), se tremia toda (feito jipe na banguela), suava a testa (feito chaleira no fogo) e rodava o braço (feito folha de coqueiro quando tá ventando)." (texto: O marciano do planeta Camisa-de-Vênus)

ladainha renitente da bexiga: conversa muito repetitiva, "bexiga": varíola
um zum-zum-zum arretado: um grande falatório
um balaio de gato da gota serena: Uma bagunça enorme ("gota serena"= amaurose, doença do nervo óptico que causa cegueira)
um fuzuê do créu: uma grande confusão
futriqueira: fofoqueira
chapado: bêbedo
chamegando a vitalina: flertando a solteirona


dei fé: percebi
desembestou a fazer esparro: começou a exagerar
estremilique (piti): estremecimento (um chilique)

O livro é bastante interessante, uma expressão bastante utilizada principalmente pelo povo nordestino do sertão é "Vôte!", que é usada quando alguém tem uma surpresa desagradável, através da obra do autor fiquei sabendo que a origem de tal expressão é derivada do nome de Louis Léger Vautier, engenheiro francês que construiu o Teatro de Santa Isabel, em Recife, considerado chato pela população local. Então, o Vautier passou a ser enternizado em um:

_Vôte!

Marco Valério

Fonte: Arruda, G. Deu com a pleura!- Matutices da cidade grande, Zit editora, 2008.






Desenho: Eduardo Burado.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Chegamos ao número 5000!

Gostaria de agradecer a todos os nossos amigos leitores por ter alcançado nesta manhã o número 5000 acessos em nosso blog, no período de um ano.

O trabalho é árduo, mas compensa, pois durante este ano, além de me dividir com as minhas atribuições médicas, não deixei o compromisso de escrever e passar uma mensagem de esperança, de incentivo e entretenimento a todos que me leem, bem como alertar sobre os conflitos sociais, sugerindo soluções, e evidenciar a valorização das artes.

Confidencio a vocês que sou um admirador das várias manifestações artísticas. A cultura de um povo é o alicerce de nossa história e faz parte de nosso ser e de nossa personalidade. Acho que fiz Medicina por considerá-la também uma arte, que nos proporciona o duelo entre a vida e a morte.

Neste momento, estou extremamente feliz, por poder está ao seu lado, através deste meio de comunicação, mesmo estando distante. Sei que poderemos atingir mais amigos leitores, para que possamos concretizar a ideologia da valorização do ser humano e de suas qualidades presentes e adormecidas na timidez do "eu".

Por isso, peço-lhes para divulgar o nosso trabalho para outras pessoas, utilizando para isso o compartilhamento das redes sociais, por indicações através de emails ou em uma conversa informal com amigos de trabalho ou familiares.

Dispeço-me com meu muito obrigado e desejo-lhes um ano novo com muita esperança, paz e amor!


Feliz 2012!


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Chita não era Chita, era Chito...


Morreu no estado da Flórida, nos Estados Unidos, aos 81 anos de idade, no último dia 24 de dezembro, a macaca Chita da série de filmes das aventuras de Tarzan, baseados na obra do escritor Edgar Rice Burroughs (1875-1950).

Algumas curiosidades sobre a Chita:

- Na verdade, Chita era macho. A confusão se deu pois o seu primeiro nome era Jiggs. No cinema foi rebatizado para Cheetah. No mundo latino, era conhecido como Chita. Daí o motivo da confusão;

- Ele nasceu originalmente na Libéria e apesar do estrelato, teve cerca de uma dezena de chimpanzés dublês nas filmagens;

- O personagem de Chita não existe nos livros de Edgar Rice Burroughs, sendo uma adaptação para o cinema;

-Chita recebeu vários prêmios por sua atuação, inclusive o prêmio Calabuch, no Festival Internacional de Cinema de Comédia de Peñíscola, na Espanha;

- Por três vezes foi solicitada a sua inclusão na Calçada da Fama em Hollywood;

-Constava como o macaco mais velho do mundo desde 2001 pelo Guiness dos Records;

-A Chita, ou melhor, o Chito morreu por problemas renais;

Com um currículo deste, ele deixou muito ator e atriz para trás. Macacos me mordam!



Marco Valério G. B. Gonçalves

Fonte: portal IG de notícias.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Enquanto isso, no Judiciário brasileiro...

Fico pensando...



Se o Brasil fosse uma grande casa, se os seus estados fossem os cômodos e os municípios os móveis, então, a Paraíba seria um quarto; Cajazeiras seria um berço e eu nasceria no berço da cultura paraibana.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Olha as novidades, aí!

Eu tenho algumas novidades para lhes contar: o ano está acabando, e logo, logo, começará um novo ano, que depois do próximo ano já será o ano velho. Vou falar algumas delas:

Daqui a alguns dias, estarão para chegar as novas notas de dez e de vinte reais, as quais evidenciarão aquelas faces tristes e sem graça desenhadas, mas tais notas,quando unidas às de cinquenta e às de cem e presentes em nosso bolso, tornam-se as beldades mais lindas, bem como tornam as nossas faces mais alegres. Então, aguardem, a mega-sena vem aí!

Mudando um pouco de assunto, o governo federal lançou o programa de saúde "Médicos perto de você". Ultimamente, já sinto os primeiros resultados desse programa, pois, como médico, já me sinto mais perto de mim, porém mais distante de reais condições de trabalho, de valorização profissional e de melhorias reais para a população.

Neste período de final-de-ano, existe uma crença de associar a cor das vestes ao que você prentende alcançar no próximo ano, por exemplo, o vermelho é para quem quer paixão, o dourado para quem quer dinheiro, o branco para quem quer paz. Eu finco pensando com os botões do meu lap top, qual será a cor que os funcionários públicos do Brasil vão vestir neste reveillon? É, a coisa tá preta! Novas leis estão tramitando no Congresso e não são das melhores...

Mas vamos esquecer as notícias ruins, pois tudo na vida tem o seu lado positivo, por isso para quem está com problema de autoestima, com alguns quilinhos a mais ou a menos e que não está contente com o visual, não se preocupe não, inspire-se no Neymar, um cara feio, magro, sem graça e as meninas são tudo afim dele. Isso tudo é pelo seu talento.

Para encerrar, desejo a todos vocês meus amigos muita paz, muita saúde, muito dim dim no bolso e muito talento para driblar os problemas da vida! Feliz 2012!

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

domingo, 25 de dezembro de 2011

Que delícia!





Sobre que tema falar em um plantão médico em plena noite de Natal? Vamos falar sobre a fraternidade, sobre a importância de agir com a benevolência de um grande personagem da História, O qual nasceu no dia de hoje.

Vamos falar sobre as emoções que presenciamos de familiares e de pacientes, que viram vidas serem salvas por anjos de branco; já outras vidas sendo renovadas para um novo mundo.


Vamos falar da satisfação de celebrar em um plantão a ceia de Natal com a nossa equipe de trabalho.


Ah, já ia me esquecendo, vamos falar também de torta de morango, um presente do amigo Paulo Gottardo. E que torta hein?! Até aposto que você, caro(a) leitor(a) ao olhar para essa nossa torta maravilhosa, deve estar cantando aquela musiquinha. Que musiquinha? Aquela do Michel Teló:



"Nossa, nossa


Assim você me mata


Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego



Delícia, delícia

Assim você me mata

Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"


Marco Valério


Foto by Dani Calaça

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Natal



Desejo-lhes a esperança


Do Amor tão especial


De Jesus Cristo criança


Na noite deste Natal!



Marco Valério

Passagens cotidianas



Fui ontem ao shopping, comprar alguns presentes. Encontrei um vendedor da praça de alimentação e lhe cumprimentei:
_ Tudo bem? Aí, ele me respondeu:
_ É tá... Só não tá melhor, porque acabei de saber que o dono do shopping vai abrir suas dependências no dia 25 de dezembro e no dia 1o. de janeiro.
Aí, eu lhe disse:
_ Rapaz, e eu que vou dar plantão médico de 24h no Natal e no ano.
O rapaz me interrogou:
_ O senhor é médico, né?
_Sim.
Ele olhou para mim e retrucou:
_ É pelo menos o senhor já sabia que iria dar plantão, já eu fui pego de surpresa...
Respondi-lhe:
_ É verdade, mas que pelo menos essa minha história sirva para amenizar o seu sofrimento e indignação.
Ele sorriu.

Marco Valério

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

CHARLES DICKENS



Ele nasceu em 1812 e viveu por 58 anos. Foi um dos primeiros escritores a ter reconhecimento internacional. A sua vida foi marcada por muitas dificuldades. O seu pai chegou a ser preso por dívidas, fazendo com que Charles fosse trabalhar para ajudar a família em uma fábrica de graxa, onde a sua função era colocar etiquetas em vidro, ato esse que passou a ser mencionado em seus escritos, mesmo que fosse rapidamente, envolvendo outros personagens.

Era um autor extremamente político, chegou a escrever contos, romances, artigos jonalísticos, peças e inúmeras cartas.

Sua carreira começou como jornalista na cobertura do poder judiciário, em Londres, o que levou a satirizar o mundo dos tribunais em uma série de romances. Mantinha como pseudônimo de Boz, fato que surtiu muita curiosidade entre seus leitores, uma verdadeira estratégia de marketing, pois os leitores queriam saber quem era o "Boz".

Primava pela consciência social em seus escritos, abordando, com valentia, o abuso infantil, a pobreza, a violência doméstica, a prostituição, as condições das fábricas, a falta de trabalho e a limitada educação oferecida à classe trabalhadora. Participou também de projetos da reforma sanitária, reforma da educação, apoio as mulheres desamparadas e na criação do hospital pediátrico de Great Ormond Street.

O adjetivo "dickensiano" é usado para descrever algo grotesco, espirituoso, ridículo, socialmente marginalizado e até mesmo como uma referência para todo o século XIX, o que mostra a grande importância desse autor.

Entre as suas obras, escreveu Um conto de Natal, escrito em menos de seis semanas, dizia que estava lutando em favor do "do filho pobre". A tiragem inicial de 6 mil cópias esgotou-se em cinco dias. Aos 31 anos, Dickens havia se tornado o escritor mais bem-sucedido da Inglaterra desde William Shakespeare.

Ele havia se tornado extraordinariamente famoso, quase mítico. Conta-se que uma criancinha, ao ouvir sobre a morte de Dickens, teria perguntado se Papai Noel também iria morrer.

Aproveito a oportunidade da menção do conto de Dickens sobre o Natal, bem como, sobre a reação da criancinha com a sua morte, comparando-o ao Papai Noel, para desejar a todos os nossos leitores um Feliz Natal de paz, luz e bençãos e que sigamos adiante em busca do bem e da justiça dos povos.


FONTE: Patrick, J. 501 grandes escritores. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma árvore no meu caminho


Não sei o que houve para que eu me apaixonasse por esta árvore no meu caminho, a qual nasceu no quilômetro 25 da BR 101, sentido Recife-João Pessoa, perto do rio Arataca. Assim como o João-de-barro, pássaro de canto bonito, trabalhador que fez a sua morada para proteger a sua prole nos galhos desta árvore, eu também a escolhi para abrigar os sentimentos contidos em palavras.

Todas as vezes, quando passo por ela, sorrindo a mesma me diz: "Bom dia!" ou "Boa tarde!". A primeira fotografia retirada ocorreu há cerca de três anos, era meio-dia, o céu com nuvens em tons de cinza e branco enfeitava o meu olhar. Eu com os meus devaneios mais imprevisíveis, decidi reduzir a velocidade do meu automóvel, para eternizar esta paisagem vital.

Retirei essa primeira fotografia há três anos, como já havia dito, depois, fui embora, mas nunca deixei de lado a minha companheira árvore. Ela se preocupa comigo, acenando-me com graça, utilizando para isso um leve movimentar de seus galhos. Teve uma época em que seus galhos secaram e fiquei triste. Meses depois, a chuva destruiu a casa do João-de-barro, porém acho que ele e sua família já estavam distantes dali. Só sei que ele me deixou saudades, confesso.

Algumas vezes, cheguei a passar à noite pelo local, uma luz embelezava a minha amada árvore, símbolo mais puro da natureza de uma alma. Neste momento, não quis atrapalhar o seu sono.


Recentemente, quando parei o carro para tirar esta última fotografia logo abaixo, ela já com um verde diferente e mais madura, estava mais sorridente, mais experiente pelas agruras da vida. Então, fitou-me nos olhos e aproveitando o momento, disse-me:

_ Quando você passa, a minha alegria de árvore me faz ter a certeza que a esperança do meu verde se encontra no esforço do seu ir e vir ao longo desta estrada... Sucessos!

Eu fiquei pasmo com essa declaração, pois não sabia que as árvores também falavam. Eu ainda atônito com aquilo, só tive palavra para dizer:

_ Muito obrigado!



Marco Valério G. B. Gonçalves.
Foto por Marco Valério

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Uma vida 3 por 2


Em uma vida 3 por 2, os espaços são delimitados por livros, a diversão sentenciada por estudo, a escolha promovida pelo sonho, o esforço traduzido em recompensa, as lágrimas detidas em sonhos pelas madrugadas.

Em uma vida 3 por 2, a vida passa lá fora, as luzes da cidade são as mesmas das luminárias em suas escrivaninhas. Uma vida marcada por metros, enquanto se divagueia em conhecimentos que correm em uma extensão ilimitável de apredizagem.

Em uma vida 3 por 2, aprende-se os manuais de se salvar vidas, os destinos de muita gente, as fórmulas secretas de alquimistas loucos, os devaneios incríveis de romancistas imortais.

Em uma vida 3 por 2, é preciso ter muito sacrifício, abnegar de muitos prazeres circunstanciais, às vezes se aprisionar no mundo não achado das ânsias. Nessa vida, tudo é possível.

Em uma vida 3 por 2, as paredes são regradas e limitantes, porém, é nesta vida que se encontram subsídios para se chegar ao infinito do sucesso profissional. É nesta vida, de que muitos zombam e a descriminam, em que encontramos o futuro de nossas vidas.

Aqui, deixo imortalizado o meu quarto de estudos, uma vida 3 por 2 metros, uma extensão da vida externa de 3 milhões de infinitos quilômetros por 2 milhões de intermináveis quilômetros de vidas de um complicado mundo: o mundo desumano.


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.


Rabisco em papel: Marco Valério, título: Vida 3 por 2.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O desenho e a escrita


Decedi fazer um desenho: peguei um papel, tinta nankim e abri uma revista. Avistei uma modelo que em sua expressão corporal me dizia: "Me desenha!" e eu disse: "Claro.".

Fiz os primeiros esboços com grafite e em seguida continuava entre traços leves e pesados. Aos poucos as formas ganhavam vida. O olhar do desenho me flertava e eu me encantava de emoção, pois brincava um pouco de Deus, criando uma criatura.

Aos poucos fui colocando o jogo de sombras. Confesso que errei em um traço sutil no seio direito da imagem feminina. Então, fiz o que os grandes artistas teatrais fazem, a arte do improviso, e sorrateiramente disfarcei o erro com o prolongamento dos cabelos.

Fiz os contornos com a tinta nankim, utilizando os pinceis e o bico de pena, em alguns momentos, joguei até um hidrocor preto e no final admirei a criatura, mas queria mais e imaginei unir a escrita e o desenho; o desenho e a escrita em uma mesma arte. Ei-los!

E em ambos, assina-se um nome no seu canto inferior:

"Marco Valério"


Marco Valério G. B. Gonçalves.


Desenho por Marco Valério: "A mulher em revista."


quinta-feira, 24 de novembro de 2011


"Creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão. Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que, de mim, arranca lágrimas e canções."
Friedrich Nietzsche


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Papiros hipnóticos



Lembre de um momento de sua vida em que você esteve alegre!
Sinta a alegria daquele momento neste momento!
Procure imaginar os aromas daquele bom momento no seu inconsciente!
Escute mentalmente os sons, músicas e vozes ocorridos!
Mentalize a sua alegria pela percepção agradabilíssima de reviver aquele momento!
Relaxe!
Pense só pensamentos positivos neste momento!
Respire pausadamente! Inspire! Expire!
Neste momento, tente escutar o som do mar, do vento ou de algo que lhe faça relaxar!
Olhe para parede e mentalize uma fotografia, alguém, uma paisagem, uma cena de sua vida que lhe traz confiança!
Entenda os seus pensamentos negativos como propulsores para você chegar a grandes vitórias!
Repita comigo, a frase que escreverei abaixo:
Eu sou a mensagem de uma vida feliz escrita para o mundo.
Repita mais uma vez! Mais uma vez!
Tente sentir lentamente a sua respiração!
Inspire! Expire! Lentamente!
Agora e nos próximos trinta segundos em diante, diga para você baixinho algumas de suas principais qualidades!
Feche os olhos e tente fazer todo o processo com os olhos vendados, depois de alguns minutos, volte a abrir os olhos!
Continue a ler o que lhe digo até o fim!
Mentalize agora algo que você deseja adquirir!
Não se esqueça de respirar!
Alimente o seu corpo com a luz da sabedoria!
Diga o seu nome completo com confiança!
Meu nome é...
Responda mentalmente a pergunta abaixo:
Qual a sua grande contribuição para o mundo?
Não escutei, repita novamente!
Perfeito...
Como você se sente agora?
Melhor?
Se você conversar mais com você, todos os dias, e tentar lhe entender com paciência, tenho plena convicção que a sua resposta será:
Sim, estou me sentindo melhor...


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A verdade da verdade, sem mentiras




Existe a verdade de quem fala e a verdade de quem escuta,

A de quem culpa e, de quem defende.

Temos a verdade verdadeira e a meia verdade.

A verdade do político é uma verdade inverítica,

Já a verdade do povo é uma verdade social.

A verdade do mentiroso é ocasional,

Sendo que em toda ocasião é ocasião para mentir com verdades.

A verdade do pobre é a oração,

Do rico, a absolvição,

Do patrão, o chicote na mão.

A verdade do poeta está no coração,

Do economista, na inflação;

Do advogado, bem, essa verdade, ainda estamos a encontrar.

A verdade do surdo-mudo está em seus gestos,

Já a verdade das cartas está no destino,

Mesmo que na maioria das vezes esse destino não ocorra.

A verdade de tudo isso é a verdade das palavras,

Pois elas podem até enganar no começo,

Porém no fim sempre se encontra a VERDADE.



Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.



domingo, 13 de novembro de 2011

Um jovem chamado Diploma




No passeio vespertino dominical, em que antecedia a ida dos irmãos Experiência da Vida e o jovem Diploma até a igreja, onde ocorreria mais uma celebração da santa missa, ocorreu algo meramente reflexivo, pois o Diploma começou a reclamar do vestido de chita da irmã sexagenária.



Ele achava que a irmã não deveria estar com aquelas vestes coloridas, pois havia um contraste evidente entre os dois, já que o mesmo mantinha no corpo um jaleco de linho branco, enfeitado com um estetoscópio dourado; no dedo anular esquerdo, o brilho da esmeralda reluzia. A irmã humilde como era, respondeu que aquelas vestes brancas de requinte do irmão só foram possíveis graças ao trabalho árduo do reumatismo das articulações dela, lavando as roupas de outras famílias, para ajudar no custeio durante a vida acadêmica do irmão até a sua formatura.

O jovem, aborrecido com as provocações da senhora Experiência da Vida, chamou-a de mulher desvairada, e disse que enquanto ele tinha um futuro promissor pelo casamento com a Medicina, ela tinha a sua vida perdida, pois se entregara ao Mundo. Aquela senhora o fitou os olhos e lhe falou que ele não passava mais do que um papel, uma criação do povo do Oriente, que também inventou a bússola e a pólvora: a primeira lhe ausentava no seu íntimo, pela falta de orientação; a segunda abundava no seu semblante, pela cólera de explosão evidente.

O clima estava tenso, quando iniciou a celebração cristã. Ao passar das horas de mãos dadas em orações, os irmãos ali presentes, individualmente, meditavam.

Então, entre o silêncio das orações e a harmonia dos cânticos, o Diploma percebeu que de nada vale o seu nome, se não existir em sua pessoa as qualidades da moral, da ética profissional, da ajuda aos humildes, do reconhecimento dos esforços familiares, da gratidão aos mestres, da memória da sua universidade, das bênçãos de Deus e da felicidade de verdadeiras amizades.

Depois do ocorrido, o Diploma passou a olhar a irmã com valorização, ternura, sentimento, carinho, estando pronto para acompanhar a doença da mana, e reconheceu que apesar de sua existência material abrir muitas oportunidades na vida, ele só era respeitável e válido, porque junto consigo levava as lições da senhora Experiência da Vida, que lhe orientou com o espírito da solidariedade.

Terminada a celebração, ambos se dirigiram para suas respectivas casas. O jovem Diploma dobrou à direita para repousar na rua das gavetas, a senhora idosa de nome tão expressivo seguiu em frente e continua acordada na avenida de nossas mentes.

Tanta briga, para demonstrar um desfecho com tantas emoções. E não se esquecendo que desse laço todo de família, existe uma grande amizade entre os concunhados Medicina e Mundo de mais de vinte e cinco séculos: o Mundo ensinando à Medicina a nunca desistir nos problemas da vida e a Medicina ajudando o Mundo, para um mundo melhor.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.


Este artigo foi publicado no jornal do CRM-PB no ano de 2004 no site:











sexta-feira, 11 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Ponto & Vírgula

Até os sinais de pontuações brigam. Vejam o que aconteceu neste contexto:
_ Oi, querida!
_ Querida, nada... Por onde você andou?- pergunta a Vírgula.
_ Ah, estava no trabalho até esta hora, tive que fazer hora extra e depois bati o ponto.
_ Ah, é... (uma pausa enorme pairou no momento)-pois esse sempre foi o comportamento da Vírgula para depois iniciar o discurso que levaria minutos de sabatina, de questionamentos e de recados de ordem.
_ Querida,-interrompeu o Ponto- vamos colocar um ponto final nesta história!
Depois de alguns instantes, a Vírgula viu que os argumentos do Ponto foram convincentes e que todo aquele desconforto foi gerado por ciúmes descabidos, então, os dois fizeram as pazes e foram ao quarto e lá eles já não eram mais dois sinais de pontuações, eles eram um só, eles eram um ponto-e-vírgula, pois o que que o amor não faz?
O amor uniu assim a Vírgula ao Ponto, chegando ao ponto que o Ponto se enlaçou com a Vírgula, unindo-os no amor de um ponto-e-vírgula e ponto final.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meu Brasil


Na tua bandeira, vejo a ordem e o progresso, vejo o verde, o amarelo, o azul e o branco, bem como as tuas vinte e sete estrelas.

Meu Brasil, na tua terra, vejo a miséria, que é denominada do alvo de desigualdade social a ser vencido, porém só se encontram vencidos e nunca vencedores.

Vejo também a violência de tuas ruas, sobre a qual já se estão tomando providências, mas providências que não passam de poucas evidências. A tua justiça é excepcional, Têmis, a deusa mitológica que equilibra a razão e o julgamento, já disse mil vezes que a balança atual de suas mãos tem que passar por uma análise no Inmetro.

Nas tuas universidades, ó meu Brasil, sinto o cheiro da ciência bem como os odores de coquitéis molotovs e da Canabis sativa propagados por estudantes que em vez de lutar por segurança, estão reivindicando pela insegurança, querendo que a polícia não defenda a sua instituição. Antigamente, os egípcios faziam os hieróglifos nas paredes das cavernas, hoje vemos pichações em prédios de reitorias e depredação do patrimônio público por jovens universitários, que pousam de heróis para as câmaras de televisão nacional e que acham bonito os pais pagarem por suas fianças para os colocarem em liberdade por atitudes tão decepcionantes de estudantes de hoje e de futuros profissionais no amanhã.

Meu Brasil, lindo e grandioso, adoro-te intensamente, apesar de ver o descaso dos teus governantes com a saúde brasileira, os mesmos devem merecer nota dez quando falam e distribuem simpatias que vão resolver os impasses de nossas deficiências tão elementares, em se tratando de uma área vital para teus milhões de filhos, mas os discursos não fazem atitudes e não geram compromissos nem realizações, por isso, meu Brasil, que as promessas, com o passar do tempo, são as mesmas promessas passadas, porém aprimoradas com novas alucinações políticas.

Na tua Constituição, ó grande país das Américas, estão os rumos de todos os teus filhos, tais rumos estão em diversos caminhos, pois todo dia as leis, os direitos, os deveres dos brasileiros são mudados, maquiados, seguindo uma lógica democrática chamada de poder da minoria, onde os números de votos de um político faz parte da economia e se traduz em capital corrente, em troca de empregos, favores e de atos nebulosos de corrupação utilizando o dinheiro do povo, sem o povo, morrendo assim o povo de fome, de doenças e pela omissão dos nossos governantes.

Ó meu Brasil, lindo e trigueiro, espero que um dia o trigo de tua cor se separe do joio de tanta corrupção, o verme que assola tuas vísceras. És o meu Brasil das Olimpíadas, da Copa do Mundo, és festa do povo sem fim, és a política do pão e circo, és o circo e nós, teus filhos, somos os palhaços. Neste circo todo, também tem espaço para o espetáculo do desvio do patrimônio público, como em um passe de mágica, para o patrimônio de um público que merecia cadeia, devolvendo o que não era do seu direito para milhões de carentes e necessitados da pátria mãe.

Ouviram do Ipiranga, o lamento do teu povo com grande índice de analfabetismo, de ensino público precário. Ó meu Brasil, não seria melhor investir na educação básica, com um ensino de qualidade, dando reais condições de concorrência entre alunos de escolas particulares e públicas, entre brancos e negros, pobres e ricos do que estabelecer sistemas de cotas nas universidades, comprovando a ineficiência de nossa rede pública de ensino?

Tens um povo aguerrido, meu Brasil, vejo as lutas de trabalhadores em greves justas, abafadas pela a jóia valiosa dos pobres de espírito, chamada de poder, com penalizações, deturpações públicas colocando a culpa em servidores, jogo de influências entre outros poderes, artimanhas políticas impuras.

Enquanto o mundo comemora a chegada do habitante sete bilhões, em nosso solo não comemoramos o que se investe no povo com o crescimento de nossa população e levando em consideração a alta carga tributária que pagamos aos teus cofres, meu Brasil. Sei que sabes disso.

Sei também que em algum dia, os teus filhos vão acordar, vão às ruas e vão cantar a música do "Basta", a música do "Fim", a música do "Chega disso", a música do "Não aguentamos mais", pois:

"Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada
Brasil!"

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

domingo, 6 de novembro de 2011

A médica e a rosa







Ao chegar cedinho em casa, após um plantão extenuante em um dos
hospitais mais movimentados da região, uma médica com suas olheiras de cansaço,
portando no pescoço seu estetoscópio e no ante-braço esquerdo seu
jaleco branco, adentra na sala de estar e avista a sua filhinha de cinco anos
de idade.
A filhinha em um gesto sublime e infantil se dirige à mãe, escondendo
algo atrás do dorso em uma das mãos e diz:
_ Mamãe, tenho algo para lhe dar com todo o meu coração.
_ E o que é, filha?- a mãe surpresa pergunta à garotinha.
Então, em outro gesto sublime e harmonioso, a garotinha entrega uma linda rosa vermelha à mãe, que ficou bastante feliz com aquele mimo infantil.


_ Que linda, filha! Muito obrigada...
E, inesperadamente, a lindinha disparou:
_ Mamãe, sabe que quando eu crescer eu vou ser médica.
_ Ótimo, só assim você vai ajudar a salvar um montão de pessoas, né?- responde
a mãe entusiasmada.
_ Sim.- responde o pingo de gente.
A mãe-médica ou a médica-mãe, como queiram, olhou bem para sua cria e disse:
_ Bem, se você quer ser médica, então vamos cuidar dessa rosa, para
que ela viva um pouco mais!- logo em seguida a mãe orientou a menina a
colocar a rosa em um pequeno jarro com água.
_ Na água, ela não vai murchar né, mamãe?
_ Filha, as rosas são como as pessoas, em algum dia, elas vão murchar,
porém, quando cuidamos delas, apesar delas murcharem, os seus perfumes
sempre ficarão em nossas mãos- neste momento, a filhinha fez uma face
de dúvida:
_ E quem colocou perfume nas rosas, foi o Papai do Céu, não foi?- neste mesmo
instante, a menina se feriu com um dos espinhos da rosa que estava no vaso com água, ao tentar sentir o perfume dela e liberou dos
seus pulmões um contido "ai" de dor passageira.
_ Eita, filha, doeu muito?
_ Um pouquinho só, mamãe.
_ Mas, voltando a sua pergunta, sim, foi o Papai do Céu que colocou perfume nas rosas. Ele nos ensinou que para sentirmos os perfumes das rosas, temos que nos
furarmos com seus espinhos, em algum momento de nossas vidas.- as duas começaram a rir.
Logo após, a mãe se dirigiu ao quarto, para descansar após cansativo plantão e a
filhinha foi brincar com seus sonhos e na sua imaginação estava presente na mente a estória de ela ser, naquele instante, uma garotinha-médica que dava
mais vida a uma rosa que ela tinha colocado há poucos minutos no vaso, uma rosa tão linda que tinha recebido daquela bela criança o nome de
Vida.


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves






domingo, 30 de outubro de 2011

Qual é a origem de tantos problemas em nosso país?



Por onde andamos, a conversa é uma só: o nosso país está virando de cabeça para baixo. Greves e mais greves, violência atraindo mais violência, vemos o mundo pelas lentes da televisão, pelas palavras dos blogs e, ainda, temos tempo para nos perguntar qual é a origem de tantos problemas em nosso país.

Problemas esses que se estendem também a nossa vida médica. São tantos, não são mesmos? Mas para enfrentá-los, tenho uma boa notícia, que diz que para enfrentar os problemas é preciso cortar o mal pelo seu início, pela sua origem, pela sua fonte, pela sua primeira letra eme antes de pronunciá-lo.

Todos os problemas se relacionam como em um jogo de ligar palavras, ao meu ver, a três palavras (política, economia, moralidade), porque para vivermos em um mundo melhor é preciso sermos bem comandados, com políticas de bem-estar para todos. Muitas vezes, deparamo-nos com a famosa expressão, que insinua que somos culpados por não sabermos escolher bem os nossos políticos, porém eu lhes pergunto se não houver escolhas ideais a serem votadas a culpa permanece com quem vai votar? No Brasil, espera-se que haja uma formação mínima de ética, de leis, de civilidade para futuros detentores de mandatos.

Um país sem economia, não é um país. Vivemos em um país rico, que suga até a última gota de sangue dos seus filhos com impostos, ao mesmo tempo que o trabalho dos irmãos da pátria verde e amarela, a maioria considerável, é recompensada com péssimos salários, condições de trabalho vis, aposentadorias ridículas...

O que nos está faltando é ressuscitar a palavra moralidade no nosso país, onde o respeito às pessoas está tão combalido e a corrupção reina desenfreadamente sem pena nem dó.

Se corrigíssemos os erros dessas três palavras (política, economia, moralidade) e as jogássemos em um funil, na ponta do mesmo iria eclodir uma gota de orvalho, chamada justiça, a única forma de resolvermos os problemas, justiça dos homens e principalmente a justiça de Deus.

Temos que nos mobilizarmos para pressionar por mais leis que se iniciaram no ventre do povo, como por exemplo a lei de Ficha Limpa e irmos atrás de outras contra a corrupção, contra a alta carga tributária, a favor da valorização de trabalhadores capacitados, batalhadores e merecedores de mais respeito.

Não adianta pedir a Deus a resolução de todos nossos problemas. Acho que Ele já está cheio demais com tantos problemas para resolver e até arriscaria uma resposta do Mestre a nós médicos na insistência de tantas preces por melhores dias. A resposta Dele seria:

_ Meus filhos, eu já lhes dei o dom da inteligência, o dom de salvar vidas, o dom de sobreviver em mundo de feras e feridos. Agora, o resto é com vocês.

Marco Valério G. B. Gonçalves

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tá na hora...



Tá na hora de partir daqui,

Já deu o que tinha de dar,

O amor se acabou pra ti.

Cada um sabe o que faz,

É no tropeço que a gente se refaz.

O Sol nasceu pra todos,

Inclusive pra mim.



Tá hora, de acordar cedinho,

Com pé na estrada.

De rezar baixinho

Pela madrugada,

Pedindo a Deus proteção,

Amor, paz e união.

Tudo isso forte no meu coração.


Tá na hora de deixar

De lado meu violão,

Pra fugir e não cantar

A minha emoção,

O meu sonho embalado

Na escuridão,

Quando estava ao teu lado.


Tá hora de dizer

O que não se diz

Queria viver

Como o giz

Que se some,

Sem dizer bis,

Na música que leva o teu nome.


(música de Marco Valério Gomes Batista Gonçalves)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fragmento de um papel

A vida de um médico é escrita de uma forma contínua através da caneta humana, que já nasce com a gente. Deus nos dá a tinta. Agora, os rabiscos, a caligrafia, as falhas e a redação são nossas, seres humanos, realizados no papel de nossas vidas.
Utilizando desse mesmo papel e fragmentando-o, chego a uma passagem da minha vida médica, que relatarei logo em seguida.
Um paciente chega ao pronto atendimento, encaminhado com suspeita de AVC, seu quadro era grave, bastante dispneico, torporoso, com déficit de força. Inicialmente, não tínhamos nenhuma informação adicional. O que fazer?
Pensei em intervir bruscamente através de entubação orotraqueal e ventilação mecânica, porém veio a minha mente, após ter vivenciado casos parecidos passados, aventar a possibilidade de hipoglicemia. Foi feito o teste, e realmente, o paciente estava com hipoglicemia. Em seguida, realizamos três ampolas de glicose por via intravenosa e o paciente acordou, como se nada tivesse acontecido.
A enfermeira olhou para mim e disse:
_ Mas doutor, pra você ver só 3 ampolinhas de glicose resolveram o problema dele num foi?
Neste momento, eu contei uma história para ela e, os outros colegas de plantão, inclusive o nosso amigo Dr. Ivsom Cartaxo estava presente naquele momento, grande médico.
O que contei? Foi uma passagem de um livro que tinha lido na Biblioteca da UFPB, quando era estudante de Medicina. Era um livro de Marketing e Propaganda, pois sempre gostei de outros temas interessantes.
A estória era a seguinte: havia um problema nas tubulações de um navio, nas quais ninguém conseguia encontrar onde estava o defeito. Era do conhecimento de alguns que na cidade havia um senhor que utilizava um martelinho e sua audição em contato com os tubos, para detectar os defeitos nos navios do cais. Esse senhor foi chamado para resolver o problema daquele navio.
Ele foi aplicando discretos toques com o martelo e ouvindo, por toda a extensão de alguns tubos. Quando chegou a um determinado ponto, ele disse que o defeito era ali e só aplicou duas marteladas e resolveu o problema.
Na hora do pagamento, o comandante do navio perguntou o seu preço. O senhor exigiu um valor muito alto. E o comandante retrucou:
_ Um valor tão caro por apenas duas marteladas?
O senhor com sua experiência disse:
_ Esse valor não foi apenas por duas marteladas, mas foi por saber o tempo certo e onde aplicar as marteladas. Eis a diferença.
Aqui deixo esse fragmento de papel de minha vida... Depois ficamos sabendo que o paciente estava trocando sem querer o seu remédio da pressão pelo remédio da diabetes de sua mulher, ocasionando assim a hipoglicemia, que quase ceifou a sua vida.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

Este texto está também publicado na revista Marcorkut, na seção "Minhas histórias médicas"

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ditados que foram ditados


Alguns ditados de que discordo:


"Contra fatos não existem argumentos" se fizer uma boa versão do fato, esse ditado cai.


"Pau que nasce torto, morre torto", caso o pau esteja na fogueira de São João, ele não morre torto, ele morre cinzas e o sujeito que recebeu esse ditado por aprontar, pode ter a sua recuperação, pois até o Fênix surgiu das cinzas.


"Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura." O difícil é encontrar esse estado físico de mole da água. Só sei que a vida não é mole não.


Lógico que tudo isso que falei é uma brincadeira. E que os ditados populares fazem parte de nossa vida. É bem verdade que uns pela repetição até nos cansam, mas fazem parte de nossa cultura.


Afinal, "a voz do povo é a voz de Deus", mas se o povo ficar afônico ou mudo, vocês acham que Deus vai deixar de falar?


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

domingo, 24 de julho de 2011

Alfabeto grego de sentimentos




Os meus sonhos mais honestos foram desmentidos pela minha convicção de viver envolto em ilusões.
As minhas realidades mais coerentes foram desertoras no campo visual da cegueira cordial.
Aprendi que a superação não é apenas uma palavra em um dicionário e, que dois mais dois não são quatro, quando se usa a matemática poética.
A dor rima com amor, mas para amar aprendi que a dor rima também com calor e, que existe uma cortina de calor em mim.
O calor que se dissipa de minhas palavras, das minhas veias e que alimenta a minha esperança, que se precipta ao encontrar o frio de meu coração.
O coração que me deu de presente o que sou, o meu ser e o meu viver. O coração que me afaga ao encostar a minha face no travesseiro, pois ouço o seu ressoar presente e consistente a me falar que está ali.
Já escrevi muitos textos sem sentido ou até textos desconexos. Quem sabe este não seria um deles? Que me importa...
Os textos são a síntese das profecias mais desconexas, com as quais já me importei...
As profecias a que tanto temo, mas que insistem em me guiar.
A minha vida é uma profecia de Deus.
E eu sou a intulação intitulante das bençãos de Deus.
E tenho a plena consciência que não é preciso entender tudo o que se fala, porém é importante entender tudo o que se sente, pois o meu coração traduz um alfabeto grego de sentimentos...

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

http://www.youtube.com/watch?v=DsvhdWr0wFE

domingo, 10 de julho de 2011

Beleza? Maluco-beleza?!

Têm certos momentos da vida, em que nós deixamos a vida tocar em frente. Somos embreagados com os caminhos de uma caminhada alucinante. Topamos com pessoas e com sonhos psicodélicos.

Fitamos os detalhes de um tempo ilusório. Fingimos o que nem mesmo sabemos o quê. Fantasiamos na mente o que nos parece realidade. Atuamos em um cenário de contradições. Vemos cores transparentes. Ouvimos sons de outro mundo. Vemos discos-voadores. Encantamos e somos encantados, porque no nosso íntimo temos um pouco de malucos-beleza.

Por isso, eu curto neste momento... Raul Seixas...

http://www.youtube.com/watch?v=sP4mhUZoPyk&feature=related

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

sábado, 9 de julho de 2011

Alta filosofia



Dois amigos se encontram no cafezinho da esquina e começam a falar sobre a vida.

Um deles, bem mal-humorado, dirigiu a palavra ao outro, um gordinho sorridente de 1,5 m de altura mais ou menos.

O de mal-humor disse:

Rapaz, a minha vida é só problema: a minha mulher é gastadeira, os meus filhos só me dão desgosto, o meu chefe não me dá aumento e até meu cachorro nem sequer balança o rabo quando me ver. Estou vendo todas as portas se fecharem para mim.

O gordinho sapeca disse:

_Calma, rapaz, quando se fechar uma porta para você, feche também a porta do seu quarto e ligue o ar-condicionado. Esfrie a cabeça meu velho!

_ Mas eu não tenho ar-condicionado no meu quarto._ disparou o reclamão.

Aí, o meio metro bricalhão disse:

_ Então, entre dentro da geladeira...



Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Olha o gol!


Havia um moleque na favela do Caos, o qual, todos os dias, ia espreitar o jogo de futebol, pelo lado de fora, no Clube dos Bambambans.

O seu sonho era jogar uma partida de futebol, naquele lindo estádio de grama impecável, pois o campo, em que ele era acostumado a jogar era de terra lá na sua comunidade.

Certa vez, ele, menino franzino, porém de olhar vívido e esperançoso, manifestou a sua vontade de jogar uma partida de futebol naquele campo elitizado, fechado e pouco receptivo a um dos jogadores bambambans, porém foi recepcionado com um não jocoso e desmerecedor. Aquele jogador de elite lhe disse:

- Olha moleque, vai dando o fora, pois tu não tens nem a bola, nem o campo, nem a minha equipe, muito menos o apito do nosso time, por isso te dou cartão vermelho...-falou um cara que se dizia um dos melhores do Bambambans Futebol Clube, o qual, em tempos passados, tinha recebido denúncias através dos noticiários de ter colocado soníforo na água de um time adversário, para ganhar o jogo.


O moleque foi embora, mas não baixou a cabeça. Ficou treinando no campo de sua comunidade e nunca perdeu a sua honra e dignidade.

Aos vinte anos, o moleque de antes foi descoberto por um "olheiro" e foi trabalhar em um grande time no exterior e por sinal está muito bem de vida, defendendo inclusive a seleção brasileira de futebol...

E, hoje, os que antes lhe renegavam, assistem à TV e gritam e vibram:

_Olha o gol!! Brasilllll....

E o gol é do moleque, o gol é de quem tem talento, persistência e vontade de vencer...

Essa estória contada, só me faz chegar a uma conclusão:

Tem campo para todo o mundo, só não tem para aqueles que não sabem driblar e fazer gol.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

domingo, 3 de julho de 2011

Linda música, cantada com magia

A composição de uma música envolve várias emoções...

Talvez se os seres escutassem mais belas músicas, eles seriam mais felizes...

Os momentos felizes se escondem atrás das músicas...

Os pássaros compõem as suas próprias músicas, por isso eles são felizes...

Os anjos tocam suas trombetas nos céus...

Já eu, eu, bem eu escuto esta bela música:

http://www.youtube.com/watch?v=LsT9jJYIXG4&feature=related

Aplausos!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Dicas de comunicação e conexão



A comunicação é muito importante, desde pequenos nos comunicamos, pois quando éramos bebês, chorávamos ao estarmos com fome, com medo, com dor ou carentes de carinho, no intuito de termos alimento, proteção, recebermos assistência ou ganharmos afagos e mimos, respectivamente.

Ao crescermos, a comunicação se mostra também importantíssima, seja no trabalho, em casa, na rua... Cada pessoa tem uma forma peculiar de se comunicar, até mesmo os mais tímidos. Os nossos bichinhos estimação também têm suas formas peculiares de se comunicar, afinal reconhecia de longe o latido de meu querido cão pastor-alemão para sair de sua casinha.

Considero-me uma pessoa extrovertida, ao estar com pessoas próximas e familiares. Um dia, em um encontro familiar, teve uma brincadeira em que cada um tinha que admitir um defeito, em uma espécie de divulgação em público. Então,chegou a minha vez e disparei:

_ Pessoal, meu maior defeito (fazendo cara de suspense) é por que sou um pouco tímido demais... - todos os amigos e familiares riram.

Um livro muito interessante sobre o assunto e que estou lendo é "Todos se comunicam, poucos se conectam" de John C. Maxwell. Excelente livro!

O autor fala que para se conectar com os outros, além de ter o domínio no agir, pensar e sentir; tem de transparecer emoções reais, interessar-se fielmente com os outros, manifestar reações faciais condizentes com o que se fala e desenvolver o carisma, que, nada mais é que se preocupar com os ouvintes e lhes agregar e desenvolver os seus próprios valores, porque assim as pessoas podem até nem se lembrarem o que você disse ou fez, porém com certeza elas vão lembrar a sensação e o bem-estar de estar com você.

Com esse parágrafo anterior eu lhes disse uma síntese do que eu entendi o que seria conectividade. Abaixo eu utilizarei as dicas do próprio autor sobre o tema:

"Se tentar comunicar:

- algo que sei mas não sinto, minha comunicação não tem paixão;
- algo que sei, mas não faço, minha comunicação é teórica;
- algo que sinto, mas não sei, minha conexão é sem fundamento;
- algo que sinto, mas não faço, minha conexão é hipócrita;
- algo que faço, mas não sei, minha conexão é presunçosa;
- algo que faço, mas não sinto, minha conexão é mecânica.

Quando os componetes estão faltando, o resultado para mim como comunicador é a exaustão..."-define Jonh Maxwell.

Se alguém quiser o livro emprestado é só postar um comentário abaixo que terei o prazer em emprestar uma bela obra em benefício do seu sucesso... Agora, com uma condição são 2 vês: vai e volta...


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

domingo, 26 de junho de 2011

Na cura, no soerguimento e até que a morte nos separe

Olho os telejornais, as revistas e afins, na atualidade, percebendo um tufão de reportagens desqualificando a figura do médico e de outros profissionais da saúde, após se iniciar a nível nacional uma mobilização geral, para melhores condições de trabalho e de valorização em nossas profissões.

Apesar de todo este turbilhão de notícias ruins, nesta semana, deparei-me com três fatos que me fizeram feliz, três histórias de pacientes.

Encontrei uma pessoa querida próxima de minha família, no início da semana, a qual obteve a cura de sua doença e foi tratada também por mim. Ela disse palavras lindas de agradecimento. Sou sincero fiquei bastante feliz com aquele momento e por sua cura.

Os dois outros fatos que me elevaram o meu estado de luz de alegria ocorreram ontem.

Um deles ocorreu por telefone, em que a esposa de um paciente, que tinha hanseníase e estava com um problema de circulação por uma obstrução arterial em coxa direita, por tabagismo crônico, ligou-me para dizer que foi realizada a cirurgia de revascularização do membro e o mesmo já estava andando, com a cicatrização da ferida operatória e com a volta do aquecimento da perna.

Nesse último caso, apenas facilitei os encaminhamentos para dar destino e solução para aquela situação e consegui. A alegria me invadiu o coração com o soerguimento de um paciente ao voltar a andar.

O outro fato foi o seguinte: estávamos eu e minha mãe em um restaurante, quando ouvi de duas pessoas um chamado por “Dr. Marco Valério”, virei-me e notava que eram semblantes que eu já tinha visto, mas que não me chegava à memória naquele instante. Então, conversando um pouco mais, veio à mente a história do paciente que tinha acompanhado há uns quatro anos, ainda no hospital universitário Lauro Wanderley.

Eram duas mulheres, a esposa do paciente e uma amiga, que com sorrisos nos rostos vieram falar comigo, como também agradecer do período que o seu ente esteve em minhas mãos e que diagnosticamos que o motivo da paraplegia do mesmo era um tumor pulmonar com metástase para coluna.

Essa última situação me chamou certa atenção, primeiro pelo tempo passado, e, segundo, que mesmo com a morte inevitável do paciente, ainda ficou naquela família o senso de gratidão pelo trabalho com afinco feito por um humilde funcionário, um reconhecimento feito mesmo com a morte daquele paciente querido que nos separou, mas que restou na lembrança dos que ficaram a gratidão, repito mais uma vez, a gratidão.

Encontro forças na minha profissão, também, através de orações e pensamentos positivos de vários pacientes e seus familiares espalhados pelo Brasil. Toda uma energia que nos chega com altivez e esperança, apesar de não ser uma mensagem ouvida, mas tenham certeza é uma mensagem sentida.

Contando os fatos, lembro-me de uma frase do músico Charlie Parker, que dizia: “Se você não viver o jazz, ele não sai do seu instrumento musical.”.
Aproveitando, a deixa de Charlie, concluo: “Se a gente não viver a Medicina, ela não sairá de nossa alma, na cura, no soerguimento e após a morte que nos separa.”.

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves (25/06/2011)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Abebe Bikila, uma história de vida

A primeira pergunta que os caros leitores estão fazendo é o que um campeão olímpico etíope está fazendo em um blog que se destina a falar da construção de um templo de sonhos e textos através das palavras?

Com o decorrer do meu texto, eu os explicarei, mas antes falarei um pouco desse atleta que se encontra no pódio. Ninguém o conhecia, nos Jogos de Roma, em 1960, quando se juntava a outros 35 participantes da maratona. A vida lhe pregou muita indiferença, pois como um pobre negro vindo de um país africano pobre concorrendo com tantos outros fortes poderia ganhar uma maratona? E detalhe impressionate: ele correu tal maratona DESCALÇO, literalmente descalço.

Aos 28 anos, Abebe Bikila não tinha experiência internacional, mas seu corpo estava pronto para corridas de longa distância. Costumava treinar na região de sua aldeia, a quase 2500m acima do nível do mar, o que lhe dava resistência muscular e orgânica.

Chegando em Roma, ao visitar o trajeto que percorreria posteriormente na maratona, avistou "A coluna de Axum", monumento roubado da Etiópia pelas tropas italianas, então, decidiu que a partir dali ele daria a arrancada para a vitória.

E assim fez. Mesmo descalço, com muita garra e heroísmo, aquele atleta franzino desafiava o palpite e a indiferença de todos, sendo o primeiro atleta africano negro a ganhar uma medalha de ouro olímpica.

Conseguiu também a façanha de ganhar em 1964, a maratona de Tóquio, mesmo ainda se recuperando de uma cirurgia de apendicite e depois de enfrentar problemas de perseguição em seu país, acusado de um complô militar. Com tudo isso, tornou-se o único a vencer duas maratonas olímpicas.

Em março de 1969, o maior maratonista olímpico sofreu um acidente de automóvel e ficou paralítico. Com os poucos movimentos que lhe restaram , ainda tentou competir em arco e flecha. Morreu em outubro de 1973, aos 41 anos de idade.

Lendo a história de Abikila no livro de Odir Cunha, chamado "Sonhos mais que possíveis", descobri que esse atleta lutador apesar de não ter o dom da escrita, deixou-nos a sua própria história escrita em seus feitos, por isso que dedico em sua memória este espaço merecido para falar de um exemplo a ser seguido, um exemplo a ser escrito em nossas vidas, pois futuramente o mundo nos lerá...

Acompanhem a história de Abebe Abikila, neste vídeo abaixo e se emocione!

http://www.youtube.com/watch?v=9pp1bcSC__k

Reflitam!

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Os dez pequenos grandes fatos

Um fato não pode ser medido com números matemáticos com relação ao seu impacto a uma pessoa. Um pequeno fato pode ser sinônimo para alguém "humano" que se utiliza de vários fatos no cotidiano como algo corriqueiro, insignificante, e que não perde a posição de ser grande, quando está em debate a sua grandeza em pertubar a mente de uma vida, por isso eu coloco à disposição de todos os dez pequenos grandes fatos, que constatei através das lentes dos meus óculos.

Vamos lá:

1) Estar no restaurante, já no finalzinho de uma refeição, existe apenas um pedacinho último do filet no seu prato, com o qual você já está fazendo planos como vai ser o último deguste. Então, inadvertidamente, o garçom pensando que você já teria terminado, tira-lhe essa alegria, e leva o prato para cozinha.

2) Estar em casa, na hora do almoço, a exatamente meio-dia, ao se colocar a primeira colher da santa refeição na boca, o telefone toca. Sabe quem é? O pessoal do telemarketing querendo vender cartão de crédito...

3) Em direção ao trabalho, andando em lugar aberto, com toda a beleza de uma linda natureza de árvores, mas no transcurso, ser bombardeado por um pombo que joga um míssil exatamente na sua roupa...

4) Na estrada em manutenção, onde existem vários siga e pare: já pensou quando o período é de "siga" e exatamente quando você está passando, o guarda manda você parar e esperar para que os outros passem em sentido contrário?

5)Encontrar no elevador com um morador do edifício com o seu cãozinho, o cara solta um pum em transcurso e ainda joga a culpa no coitado do cachorro e o pior é que a pessoa ter que ir acompanhando a cinética do pum com o olfato.

6) Estar resfriado, e na horinha de soltar um espirro, no ápice do "ah, ahh, ahhh..." falta-nos o "tiiiimmm", ou seja, o espirro é interrompido e depois não se tem mais vontade...

7) Ao banho, todo ensabuado, dar um problema na bomba de água do edifício e falta água...

8)Ir para uma festa, em que uma pessoa está vestindo exatamente a mesma camisa sua. O pior não é nem isso, é vestir preto e branco em um bar e ser confudido com o garçom...

9)Pingar cloridrato de nafazolina (Sorine) no olho pensando ser colírio.

10)Aguentar birra e mal-educação dos filhos dos outros e ainda ter que disfarçar com um "eita, que menino esperto" em vez de um "eita, pestinha"...

É, meus amigos, acho que os meus óculos andam vendo fatos demais. Quem sabe ao trocar o grau deles eu venha ver muitos outros fatos, e assim aumentar essa lista de dez para mil...

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Romão e Joelita

Lá no sertão paraibano, houve uma grande história de amor entre a filha do coronel Marcolino, chamada Joelita, e o peão da fazenda, Romão.

Eles se apaixonaram perdidamente, fazendo com que,em todas as noites, Romão fosse visitar Joelita. Em uma das vezes ele diante a janela do quarto da moça disse:

_ Joelita, minha bichinha, minha flor de formosura do sertão, vem para os meus braços para a gente conhecer a natureza...

_ Romão, você de novo por aqui. Cuidado que painho está de olho em você... Não quero que você se arrisque por mim, meu amor.- disse com a voz melosa Joelita.

Depois de um beijo ardente, os dois trocaram juras de amor, foi quando Joelita disse:

_ Romão, como prova do meu amor, eu subi lá em cima da serra e coloquei em um pé de juazeiro um "RJ"...

_ Oxente, Joelita, pruquê você colocou o Rio de Janeiro lá?

_ Não, home de Deus, são as iniciais de nossos nomes...

_ Ah, sim... Agora, eu entendi.- disse Romão sorridente. E continuando as suas palavras disse:

_ Eu também tenho uma surpresa para você, pois quando fui lá na rua, tinha uma lojinha que tinha uma placa dizendo que marcava uma vida em uma pessoa. Então eu me aproximei de lá e era um loja de tatuagem. Aí, Joelita, o rapaz me disse que era moda agora os homens cabra-macho do sertão colocar o nome da amada nos pintos...Então, para mostrar todo o meu amor por você, eu enfrentei a dor até o último ponto final que ele fez da mensagem.

Neste momento, Joelita ficou com uma mistura de curiosidade, de espanto com aquilo tudo e falou:

_ Então, me mostra!

Romão, em um gesto intempestivo e orgulhoso com a sua ação, botou o bicho para fora.

_ Seu safado! Como você teve a coragem de fazer isso! Como é que você me trai com um outro homem...

_ Mas como meu amor? Outro homem? Que história é essa, Joelita?

_ Quem é esse JOEL que está escrito no seu pinto molinho?_ ela tava com muita raiva.

Romão começou rir:

_Eu te explico, daqui a cinco minutos, minha florzinha de mandacaru...

Quando Joelita começou a fazer as primeiras carícias em Romão, o documento do moço, que não era o RG, foi crescendo assustadoramente, igual aos preços dos combustíveis brasileiros, e em consequencia disso o nome JOEL foi se transformando em JOELITA, MEU GRANDE AMOR, MINHA VIDA, MINHA FLOR PERFUMADA, QUE AGORA EM DIANTE ESTARÁ SEMPRE PRESENTE NA LEMBRANÇA DESTE LOCAL. O letreiro foi se abrindo igual àquelas bandeiras gigantes de torcida organizada de futebol. Toda essa mensagem em uma só linha, diga de passagem. Pense num outdoor da gota serena!

Os dois naquela noite se amaram profundamente. Quando de repente um capataz do coronel pegou Romão com a filha dele. Romão, foi levado ao encontro do todo poderoso fazendeiro, que ao primeiro encontro de olhos e a par do assunto, disse:

_Cabra, safado, vamos capar este safado! Esta será sua condenação...

Os capangas pegaram a faca-peixeira, para realizar a ordem do Coronel, e perceberam que no pinto do rapaz tinha o nome de Joelita, fato comunicado ao todo poderoso, que ficou com mais ódio ainda, quando Romão disse:

_ Não, faça isso seu Coroné, pois como já dizia os ensinamentos dos mais véi se alguém passar a faca no nome de uma pessoa, ela morre durinha pouco tempo mais tarde...

O coronel refletiu e viu que o ensinamento realmente existia e para poupar a vida da filha determinou a suspensão do ato. Logo em seguida ele ordenou:

_ Então, cabra frouxo você terá que casar com Joelita, mas antes disso se não pode lhe capar, eu vou mandar arrancar a sua língua, como punição.

Romão, desesperado, chorando mais que goteira de telhado de pobre, argumentou:

_ Mas, coronel, eu num vou casar com sua filha, home, como é que vai ser na horinha do casório, quando o padre disser aquela resenha toda, como eu vou dar o "sim" sem língua, home de Deus...

_ É verdade, então suspende tudo e vamos logo providenciar o casório.

Tempos depois... Romão e Joelita se casaram, com direito a foguetões, bebidas e banquete.

Romão, com uma garrafa de cachaça na mão disse:

_ Toma um pouquinho, minha flor!- com a voz bêbeda de amor.

_Romão, isso demais é veneno, meu amor...

_ Mas, é um veneno tão bom...

Os dois se abraçaram e foram felizes lá para as bandas do sertão. Essa é uma estória que até mesmo Shakespeare e Ariano Suassuna pagariam caro para ler, pois "eu só sei que foi assim".


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Uma conversa entre amigos

Na semana passada, tive uma conversa com um amigo, lá em casa, chamado Lúcio Anneo Sêneca. Os mais próximos lhe chamam de Sêneca. Tal encontro só foi possível, pois abri o seu livro "Da tranquilidade da alma". Então, imaginei que estava a dialogar com esse grande pensador da Antiguidade.

_Senta aí, Sêneca! A casa é sua rapaz. - minha intenção com essas palavras era deixá-lo bem à vontade, para iniciarmos uma conversa.

_ Muito obrigado, Marco... - respondeu-me ele.

_ Sêneca, rapaz, me tire uma dúvida, o que você acha de as pessoas ultimamente falar tanta coisa e não fazerem o que falam? Uma total enganação...

_ Baseado em meus estudos, acredito ser melhor contemplar as próprias coisas e falar movido por elas, emitindo palavras adequadas aos fatos, de modo que, para onde quer que levem, o discurso siga esta espontaneidade.- falou-me ele com um ar de seriedade e contemplação.

_ Ah, meu nobre, quer dizer que em seus ensinamentos, você preza pela espontaneidade de nossas ações para evitar as preocupações do dia-a-dia?- pergunteio-o ansiosamente.

_Não me detendo em detalhes, atento para o fato de que, em minhas preocupações, sou acompanhado por certa timidez cheia de boas intenções. Temo me inclinar paulatinamente para elas ou, o que é mais preocupante, ficar sempre pendente e que talvez isso seja mais forte do que eu havia previsto. Isso porque as coisas costumeiras nos parecem familiares e sempre são julgadas de modo benevolente.

_ Pois é, Sêneca, rapaz, você falou bonito, concordo com tudo que você acabou de falar. Hoje em dia, para mim, a minha maior preocupação é ver que tem muita gente querendo ser o que não é, passando por cima dos outros a todo custo...

Sêneca, com seu semblante confiante me disse:

_ Penso que muitos poderiam ter chegado à sabedoria se não pensassem já serem sábios,se não tivessem dissimulado para si mesmo algumas coisas e se não tivessem passado por outras tantas com os olhos fechados.

_ Com relação, aos muitos e muitos seres do mundo que estão sofrendo neste momento, por várias causas distintas, Sêneca, qual seria a sua mensagem?

Após um suspiro intenso, ele disse:

_ Considera que os prisioneiros apenas no princípio se afligem com as algemas e os grilhões que impedem seus passos. Porém, quando resolvem não mais irritarem e se propõem a suportá-los, a necessidade lhes ensina a levá-los com fortaleza, e o costume, com facilidade. De fato, em qualquer gênero de vida, encontrarás distrações, compensações e deleites, desde que queiras avaliar com leves os teus males, em lugar de fazê-los insuportáveis.

_ Para encerrar a nossa conversa, me diz amigo Sêneca, uma mensagem final para que eu possa refletir nesta semana?

Ele me respondeu:

_ Lançando mão de uma imagem que expresse o que sinto, digo que não me cansa a tempestade, mas, sim, a náusea. Portanto, afasta o que quer que seja este mal e socorre ao náufrago que já avista a terra.

_ Valeu, Sêneca!- despedi-me dele, emocionado com tanta sabedoria.

Após a nossa conversa, pus de volta o livro do amigo na estante. Os seus escritos aqui colocados até pareciam que estavam falando comigo, pois seus ensinamentos são lições para toda uma vida...

Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.

Fonte: Sêneca, L. A. Da tranquilidade da alma, L&PM Editores, 2009.

sábado, 30 de abril de 2011

Quem nunca falou um "palavrão"?

É difícil alguém que durante a sua vida não passe por uma situação, em que temos a necessidade de manifestar a nossa raiva, a nossa indignação, através de algumas palavrinhas que terminaram recebendo o aumentativo e designadas de "palavrões'. A nossa língua nos presenteou com o "palavrão", ou melhor, não só a nossa língua, mas todas as outras para deliberar uma contrariedade intensa com relação à situação do nosso país, às condições de trabalho, aos desencontros amorosos...

Quem nunca disse um palavrão? Algumas pessoas já soltaram palavrões contidos, outros deliberados. Mas existem palavrões contidos? Bem, não sei se existem, porém inventei essa classificação agora, para classificar as pessoas que dizem raramente um palavrão, sem muita exposição pública, das pessoas que os disparam sem nenhum constrangimento em qualquer lugar.

Essa introdução (por favor, caros leitores, não coloquem malícia nessa palavra agora) é para mostrar que o palavrão faz parte de nossa língua, da nossa cultura e do nosso dia-a-dia, por isso, por mais que apredamos que falá-lo é feio, renegá-lo é fechar os olhos para nossa própria consciência.

Na revista Língua Portuguesa, de abril deste ano, editora Segmento, deparo-me com uma matéria "Palavrões e afins", que mostra a diversidade de tais palavras. Imaginem só que enquanto os idiomas inglês, italiano, francês, alemão, espanhol têm 9 mil expressões chulas em cada uma delas, nós falantes do português só dispomos de 3 mil obscenidades.

É de Mário Souto Maior o Dicionário do Palavrão e Termos afins, um dos 508 livros proibidos no Brasil após o ano de 64. Ele concluiu que o homem, o jovem e o pobre falam mais palavrões do que a mulher, o velho e o rico.

Segundo a matéria, mães e filhos são muito invocados nos palavrões. Só perdem para os maridos enganados. O primeiro livro sobre as gírias da língua portuguesa é Infermidade da Língua, de Manuel Joseph Paiva, publicado no século XVIII.

Abaixo, vou transcrever um trechinho da matéria:

"... a expressão "abrir as pernas" tinha no comércio o significado de ceder, como no sexo. Xibio, originalmente um diamante, consolidou-se para designar a vagina, que em latim era a bainha onde o soldado guardava a espada. Hoje, "espada" designa também o homem heterossexual. Aliás, é pretensão masculina designar seu orgão sexual a partir do latim caraculum, que quer dizer estaca, mas o marinheiro Cabral que avistou o Brasil estava na casa do caraculum, "na casa da estaca", na gávea, um lugar de castigo, sujeito ao frio, sol, chuva, tempestade!"

É, meus amigos, os palavrões estão soltos por aí. Afinal, quem nunca falou um "palavrão"? Ou vocês acham que em algum momento do casamento real do príncipe William com a bela Kate, na Inglaterra, naquela festança toda, no primeiro contra-tempo, que porventura ocorreu, não houve alguém que disparou um palavrãozinho?


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves.


Fonte: Revista Língua Portuguesa, editora Segmento, abril, 2011.