domingo, 29 de março de 2015

As lições de meu pai

Neste dia 28 de março, completaram sete anos que meu querido pai partiu para outro plano espiritual. Não irei escrever palavras tristes de saudosismo, mas lições dele que se eternizam no meu dia a dia, por isso escrevo com satisfação.

Este escrito com as lições de meu pai, ainda continua atual, e ajudará muitas pessoas, por isso faço questão de divulgá-las, principalmente em períodos de crise, como este em que passamos em nosso país.

Estávamos no sítio, em Cajazeiras, era no início da década de noventa, passávamos por dificuldades econômicas, pois meu pai tinha perdido o emprego. O sítio era como se fosse um lugar de renovação espiritual, era lá em que ele renovava as suas energias.

Lá vi uma cena que me gerou uma pergunta para o meu velho. Via o morador tirando goiabas subindo nos galhos. Indaguei ao meu pai se os galhos não quebrariam. Ele olhou para mim e disse: "Meu filho, a madeira da goiabeira é muito resistente. Na vida, nós deveríamos ser como ela forte porém maleável.".

E demos seguimento a história, ao levar as goiabas maduras para cidade de Cajazeiras. Eu queria levantar o ânimo de meu genitor, naquela fase de crise que passávamos, então, propus vendermos as goiabas que tínhamos. Ele aprovou minha sugestão.

E lá fomos nós, vendermos as frutas em uma venda, mas só que como as goiabas estavam muito maduras não foi possível. Neste momento, fiquei triste pois meu plano não havia dado certo, mas logo veio as palavras dele: "Meu filho, não podemos desistir, temos que tentar em outro local que não seja uma venda de frutas. Quem sabe a gente não vende para uma sorveteria? Pois lá eles transformam as frutas em polpa e não interessa tanto se estão muito maduras..."- e assim foi feito e assim conseguimos vender as frutas.

O desemprego de meu pai também me fez gerar reflexões. Fez-me estudar mais para o vestibular de Medicina. Fez-me valorizar mais os bons momentos da vida e a encarar as dificuldades como uma oportunidade de conhecer novos horizontes com crescimento pessoal.

E naquele mesmo dia dessa nossa aventura, eu disse ao meu pai que seria médico. Ele fitou meus olhos e disse: "Seja um excelente médico, pois se assim for, as pessoas lhe procurarão nem que seja embaixo de um pé de mangueira em que você esteja atendendo e, outra, meu filho, sempre ajude os mais humildes...".

Contando essa história, percebo que meu pai nunca faleceu pois suas lições estão vivas, eternamente vivas...

Marco Valério


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