domingo, 13 de fevereiro de 2011

Da mão ao coração

Desejo-te sentir
Como a areia sente o mar.
Desejo-te sequestrar
E te encher com todas as defesas.
Desejo juntar infinitas estrelas
E me defrontar com uma única estrela.

Desejo somente a ti, princesa,
No aconchego de um paraíso,
Desejo entrar no teu sorriso
E, no teu batom, ser paciente.
Desejo fingir que sou gente,
Para encontrar um ombro discreto.

Desejo ser o amor náufrago secreto,
Para ser salvo pelos navios.
Desejo-te beijar os lábios
E ouvir os teus "uis".
Desejo-te ser a luz,
Para entrar nos teus olhos.

Desejo-te e te molho
Com as águas do moinho.
Desejo viver um sonhozinho,
Quando entrando em um teatro,
Desejo subir no palco,
E tu seres o meu "show".

Não desejo mais, eu devo...

Devo ser a palavra errada,
Para receber o teu acerto.
Devo perder o medo
E me erguer de um abismo profundo.
Devo conquistar o mundo,
Pois o mundo és tu.

Devo abrir novos tudos
E apagar velhos erros.
Devo ser o mineiro
E explorar a tua mina.
Devo escrever o porquê que não termina,
Porque tu és o porquê que me fascinas.

Eu não devo, eu posso...

Posso fazer, da ficção,
Algo mais que real.
Posso dar-te minha mão
Suja de tinta segurando uma caneta.
Posso fazer voar essa caneta num céu branco
E fazê-la aterrissar no teu coração.



Marco Valério Gomes Batista Gonçalves

(poema escrito em 1996, publicado no Jornal do Centro Acadêmico de Medicina UFPB em 1999)

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