Antony van Leeuwenhoek viveu até os 91 anos, tendo nascido em 1632 e morrido em 1723. Essa longevidade, ainda que não fosse excepcional, não era pouco para alguém que vivesse naquela época, ou mesmo hoje.
Ele não era professor nem médico, e sim um pouco letrado dono de armarinho que não conhecia outra língua além do holandês natal. Seu primeiro trabalho escrito em 1673, descrevia a aparência do mofo comum, assim como o olho, o ferrão e a boca da abelha, vistos em seu microscópio.
Embora não tivesse boa formação, Leeuwenhoek era respeitado como homem de integridade entre os cidadãos de Delft. Ele examinava com as lentes do microscópio os mais disparatados objetos, como o cristalino de uma baleia, seu próprio esperma e o estrume de seu cavalo.
Teve na Carta 18 a descrição de vários de seus achados microscópicos, sendo reconhecido pela Sociedade Real.
Por que outros cientistas, que tiveram microscópios à disposição durante meio século, deixaram de distinguir a existência de criaturas invisíveis ao olho humano?
A resposta é bem simples: eles só examinavam um objeto, por minúsculo que fosse, possível de ser visto sem o auxílio do microscópio -fosse esse objeto um ovo de bicho-de-seda, fosse o olho de um piolho. Eles não cogitaram, como Leeuwenhoek, que podiam existir objetos de algum tipo em líquidos como água, sangue ou sêmen, invisíveis a olho nu.
Hoje podemos entender por que esse simples e sublime holandês, dono de armarinho, foi com muita justiça designado fundador da bacteriologia e da protozoologia por seu biógrafo, Clifford Dobell, e também por William Bullock, autor dos melhores livros de história da bacteriologia.
Mas ao morrer em 1723, Leeuwenhoek foi logo esquecido, não apenas pela Sociedade Real e pelo resto do mundo letrado, como também por seus próprios conterrâneos, seus concidadãos. Só o obelisco do túmulo dele em Delft, construído por sua devotada filha em 1745, nos lembra que esse homem realmente notável, em seus 91 férteis anos, descobriu um universo de criaturas vivas até então desconhecido.
Trinta e nove anos após a sua morte, um austríaco, Marc von Plenciz (1705-81), declarou abertamente que as doenças contagiosas eram causadas pelos animálculos de Leeuwenhoek.
Fonte: Friedman, M.; Friendland, G. W. As dez maiores descobertas da Medicina. São Paulo, Companhia do bolso, 1998.
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