domingo, 6 de novembro de 2011

A médica e a rosa







Ao chegar cedinho em casa, após um plantão extenuante em um dos
hospitais mais movimentados da região, uma médica com suas olheiras de cansaço,
portando no pescoço seu estetoscópio e no ante-braço esquerdo seu
jaleco branco, adentra na sala de estar e avista a sua filhinha de cinco anos
de idade.
A filhinha em um gesto sublime e infantil se dirige à mãe, escondendo
algo atrás do dorso em uma das mãos e diz:
_ Mamãe, tenho algo para lhe dar com todo o meu coração.
_ E o que é, filha?- a mãe surpresa pergunta à garotinha.
Então, em outro gesto sublime e harmonioso, a garotinha entrega uma linda rosa vermelha à mãe, que ficou bastante feliz com aquele mimo infantil.


_ Que linda, filha! Muito obrigada...
E, inesperadamente, a lindinha disparou:
_ Mamãe, sabe que quando eu crescer eu vou ser médica.
_ Ótimo, só assim você vai ajudar a salvar um montão de pessoas, né?- responde
a mãe entusiasmada.
_ Sim.- responde o pingo de gente.
A mãe-médica ou a médica-mãe, como queiram, olhou bem para sua cria e disse:
_ Bem, se você quer ser médica, então vamos cuidar dessa rosa, para
que ela viva um pouco mais!- logo em seguida a mãe orientou a menina a
colocar a rosa em um pequeno jarro com água.
_ Na água, ela não vai murchar né, mamãe?
_ Filha, as rosas são como as pessoas, em algum dia, elas vão murchar,
porém, quando cuidamos delas, apesar delas murcharem, os seus perfumes
sempre ficarão em nossas mãos- neste momento, a filhinha fez uma face
de dúvida:
_ E quem colocou perfume nas rosas, foi o Papai do Céu, não foi?- neste mesmo
instante, a menina se feriu com um dos espinhos da rosa que estava no vaso com água, ao tentar sentir o perfume dela e liberou dos
seus pulmões um contido "ai" de dor passageira.
_ Eita, filha, doeu muito?
_ Um pouquinho só, mamãe.
_ Mas, voltando a sua pergunta, sim, foi o Papai do Céu que colocou perfume nas rosas. Ele nos ensinou que para sentirmos os perfumes das rosas, temos que nos
furarmos com seus espinhos, em algum momento de nossas vidas.- as duas começaram a rir.
Logo após, a mãe se dirigiu ao quarto, para descansar após cansativo plantão e a
filhinha foi brincar com seus sonhos e na sua imaginação estava presente na mente a estória de ela ser, naquele instante, uma garotinha-médica que dava
mais vida a uma rosa que ela tinha colocado há poucos minutos no vaso, uma rosa tão linda que tinha recebido daquela bela criança o nome de
Vida.


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves