Não sei o que houve para que eu me apaixonasse por esta árvore no meu caminho, a qual nasceu no quilômetro 25 da BR 101, sentido Recife-João Pessoa, perto do rio Arataca. Assim como o João-de-barro, pássaro de canto bonito, trabalhador que fez a sua morada para proteger a sua prole nos galhos desta árvore, eu também a escolhi para abrigar os sentimentos contidos em palavras.
Todas as vezes, quando passo por ela, sorrindo a mesma me diz: "Bom dia!" ou "Boa tarde!". A primeira fotografia retirada ocorreu há cerca de três anos, era meio-dia, o céu com nuvens em tons de cinza e branco enfeitava o meu olhar. Eu com os meus devaneios mais imprevisíveis, decidi reduzir a velocidade do meu automóvel, para eternizar esta paisagem vital.
Retirei essa primeira fotografia há três anos, como já havia dito, depois, fui embora, mas nunca deixei de lado a minha companheira árvore. Ela se preocupa comigo, acenando-me com graça, utilizando para isso um leve movimentar de seus galhos. Teve uma época em que seus galhos secaram e fiquei triste. Meses depois, a chuva destruiu a casa do João-de-barro, porém acho que ele e sua família já estavam distantes dali. Só sei que ele me deixou saudades, confesso.
Algumas vezes, cheguei a passar à noite pelo local, uma luz embelezava a minha amada árvore, símbolo mais puro da natureza de uma alma. Neste momento, não quis atrapalhar o seu sono.
Recentemente, quando parei o carro para tirar esta última fotografia logo abaixo, ela já com um verde diferente e mais madura, estava mais sorridente, mais experiente pelas agruras da vida. Então, fitou-me nos olhos e aproveitando o momento, disse-me:
_ Quando você passa, a minha alegria de árvore me faz ter a certeza que a esperança do meu verde se encontra no esforço do seu ir e vir ao longo desta estrada... Sucessos!
Eu fiquei pasmo com essa declaração, pois não sabia que as árvores também falavam. Eu ainda atônito com aquilo, só tive palavra para dizer:
_ Muito obrigado!
Marco Valério G. B. Gonçalves.
Foto por Marco Valério
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