quinta-feira, 3 de maio de 2012

Os maiores erros históricos da Medicina

Erro1: o neurologista austríaco Sigmund Freud, no início da carreira, receitava cocaína para pacientes e amigos. E não era o único. Na década de 1880, muitos doutores recomendavam-na como uma panaceia. "Ela era usada para curar males como indigestão, flatulência, cólica, histeria, dor nas costas e dores musculares", diz o médico americano Howard Markel, autor do livro An Anatomy of an Adiction (Anatomia de um Vício, inédito no Brasil).

Durante as três ou quatro décadas seguintes, pôde-se comprar cocaína nas farmácias dos Estados Unidos e da Europa sem receita médica. Até que, ainda no início do século XX, os governos perceberam o estrago que o "remédio" tinha causado à população. Tacharam-na de "droga" e proibiram a sua venda.

 Em uma campanha de cocaína medicinal feita em 1885, o laboratório americano Parke & Davis garantia aos seus consumidores que a substância era capaz de: controlar o apetite e substituir a comida, transformar o covarde em um homem corajoso, fazer do silencioso uma pessoa eloquente e libertar do vício do álcool e do ópio.



Erro 2: uso indiscriminado de antibióticos, vendidos sem prescrição médica e consumidos de maneira incorreta.

Quem? Pacientes incautos, farmacêuticos não-compromissados com a causa e médicos irresponsáveis no mundo todo.

Quando? Desde a década de 1940, quando a penicilina- primeiro antibiótico a ser usado com sucesso- virou um remédio acessível e de consumo popular.

Consequencias: bactérias como a KPC (Klebisiella pneumoniae carbapenemase) , responsável por várias mortes nos nossos hospitais brasileiros.



Erro 3: Talidomida na gravidez

Em 1957, o laboratório alemão Chemie Grünenthal lançou a talidomida, considerada o sedativo mais confiável da época. A droga induzia um sono tranquilo em pessoas ansiosas e evitava náuseas em mulheres grávidas. O fabricante ainda garantia que a droga não provocava qualquer efeito colateral. Resultado: em pouco tempo, ela virou sucesso em mais de cinquenta países, inclusive no Brasil.

Não demorou, contudo, para que o "milagroso" remédio se revelasse uma catástrofe. Mulheres que o haviam tomado durante a gestação deram à luz bebês com focomelia, uma síndrome caracterizada por má-formação dos braços e pernas - reduzidos a pequenos ossos ligados ao tronco.

O primeiro a soar o alarme foi o médico australiano William McBride. Ele denunciou os efeitos colaterais em um artigo da revista científica Lancet em 1961. A droga terminou sendo tirada de circulação naquele ano. Estima-se que dez mil bebês tenham nascidos com as deformações, mas a cifra pode ser maior, pois muitos morreram antes do parto ou na infância por problemas cardíacos.



Erro 4: Lobotomia desenfreada

A busca pela cura dos transtornos mentais motivou cirurgias pavorosas ao longo da história. Mas nenhuma foi tão extrema quanto a lobotomia, desenvolvida nos anos de 1930 pelo psiquiatra americano Walter Freeman. A operação começava com um choque elétrico para deixar a pessoa inconsciente.

Com a ajuda de um martelo, o médico introduzia um quebra-gelo no globo ocular até atingir o interior do crânio. Em seguida, girava o instrumento, cortando as ligações entre o lobo frontal e as demais regiões cerebrais.

Depois da intervenção cirúrgica, pacientes agressivos se tornavam calmos. Cerca de setenta mil lobotomias foram feitas entre 1936 a 1978, assim como 3,5 mil pessoas morreram durante o procedimento. E dezenas de milhares viraram verdadeiros zumbis.



Erro 5: Sangrias intencionais

Durante quase toda a história da Medicina, provocar sangramentos foi considerado ótimo para a saúde. Febre, dor de cabeça, pneumonia e infecção.

Sangrias são praticadas há pelo menos quatro mil anos. Mas foi no século 5 a. C. que elas ganharam notoriedade com Hipócrates, o pai da Medicina.
No século XVII, uma das técnicas de drenagem do sangue mais comuns era a da lanceta, espécie de bisturi com dois gumes. Havia a flebotomia, que empregava agulhas e bolsas coletoras em um procedimento parecido com o da atual doação de sangue. Uma terceira técnica era a aplicação de até 50 sanguessugas da espécie Hirudo medicinalis -em cada sessão.




Erro 6: Médico receitando cigarro

Parece mentira, mas pode acreditar, houve um tempo em que as propagandas eram assim:

"Cuide de sua saúde, fume Chesterfield!"

"Você nunca sente que fumou demais. Esse é o milagre de Marlboro."

"L&M, justo o que o médico recomendou."

"Mais médicos fumam Chanel do que qualquer outro cigarro."

Médico fazendo propaganda de cigarro na década de 1940? Pois é. Naquela época, fumar era um hábito considerado bacana, elegante e - quem diria - saudável.



Fonte: Revista Super Interessante- Os maiores erros da Humanidade, edição especial, outubro, 2011.


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