sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vida de criança


No ano de 2003, quando fazia o internato, no rodízio de Pediatria, no curso de Medicina da UFPB, Campus I, após um seminário de tal disciplina, a turma me pediu para fazer uma homenagem à Pediatria e a professora dra. Sônia Farias (Soninha), em forma de discurso na sala-de-aula. Atualmente, remexendo os meus escritos me deparei com uma singela homenagem que colocarei no momento, o texto se chama "Vida de criança" e é de minha autoria:


Vida de Criança


Qual o significado de ser criança? Essa é uma pergunta que todos nós fazemos em algum momento de nossas vidas, engraçado! Porque essa fase é um acontecimento diferenciado dos outros, pois é a sedimentação de tudo que existe em nossa vida.

É uma pergunta que pode ser respondida com toda emoção do coração. Ser criança é ser alegria. É ter o divertimento em cada brincadeira feita no dia-a-dia. Ser criança é a espontaneidade de ações, é o dormir tranquilo, é sujar a roupa com suco de laranja, é arengar com seus coleguinhas chamando por seus apelidos. É a magia das diversões, cada uma mais diferente do possível.

Por isso, eu queria transportar todos para o período da infância de cada um. Esse período que todos procuramos em nossas memórias, ao dizermos: "Como éramos felizes e não sabíamos!"- porque fomos um dia crianças.

Lembrem-se que belas brincadeiras infantis eram aquelas! Vocês se recordam do disputado Caiu no poço, da ciranda, em que todos cantavam o atirei o pau no gato. Coitado do gato, hein? E as outras brincadeiras de esconde-esconde, mata-mata, jogar bola-de-gude (bila) no calçamento da rua, o famoso morto-vivo, pular de corda, a brincadeira do anel e tantas outras, meu Deus, as quais eram pagas através de um expressivo sorriso de criança.

Vendo tudo isso, a gente chega ao consenso que ser criança é a descoberta de um novo mundo, ou melhor, é a descoberta do próprio mundo. Dois mundos diferentes, que se completam na imaginação tão fértil e grandiosa, presente em um ser tão pequenino.

Ser criança, também, são as dúvidas inoscentes: "Mamãe, de onde eu vim?", "Como eu sai de tua barriga?"- mostrando a curiosidade de um ser tão especial na moldura de uma natureza repleta de energias.

A tristeza da criança também deve ser lembrada, como algo psicológico ou somático. Nesse momento de angústia, o carinho, dedicação e uma boa assistência médica é importante, lembrete que levaremos para a nossa vida profissional, não se esquecendo da prescrição do médico-maior lá de cima: "Vinde a Mim as minhas criancinhas!", para evitarmos, assim, os bichos papãos e as Cucas da vida.

Para encerrar, agradeço a dra. Sônia pelo o espaço concedido e por estar dizendo essas palavras tão simples para pessoas tão inteligentes como vocês. Sinto-me feliz, felicidade esta semelhante quando eu pronunciei as minhas primeiras palavras- eu não me lembro mais os meus pais ficaram muito felizes.

Hoje, tenho a consciência que somos crianças adultas. Coloco como exemplo dra. Sônia, em cujo  passado infantil era chamada de Soninha, uma galeguinha comportada, meiga e tímida, mas ao mesmo tempo impossível, danada e chorona. E que hoje continua uma menina, digo uma menina-médica, que ensina aos seus coleguinhas de classe a ter amor pela Pediatria. Muito obrigado!



Marco Valério (discurso escrito em 2003, proferido na sala de aula do hospital universitário Lauro Wanderley)




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