Seguro a caneta que encontro
Na mesa coberta pelo papel,
Correm letras tolas de desencontro,
Nas linhas tortas com muito fel.
A minha raiva tem explicação:
Deus com toda Sua sabedoria,
Presenteou-me com uma profissão:
Ser poeta; doar mágoa e alegria.
Eis aí, então, a minha decepção.
As pessoas ao verem uma poesia,
Não prestam a devida atenção
Na arte que mexe com a fantasia.
Por isso, peço a minha demissão.
Agora no meio da rua da amargura,
Alguém pergunta minha profissão,
Sou um ex-poeta da Literatura.
Sou um desempregado desta vida.
O meu salário era apenas ilusão.
Então, exijo a medida precavida
De tornar em lei a minha profissão.
Peço a Deus saúde e muita fé,
Para conquistar a minha intenção
De ser o poeta, se Deus quiser,
Reconhecido na Constituição.
(Esta poesia foi publicada originalmente no Jornal Tribuna Literária, anos depois a profissão de poeta foi regularizada pelo Congresso Brasileiro, a lei de número 12. 198)
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