Ao terminar a minha caminhada, cujo interesse é manter uma vida saudável, parei na barraquinha de água-de-côco e pedi lógico um côco, quando no banco logo ao lado tinha uma mulher tagarela daquelas que não param um segundo de falar.
Na plateia, estavam umas amigas dela, as quais não falavam um pio, afinal não havia tempo para fala alguma, apenas a da mulher Blablabá.
Não gosto de ouvir as conversas alheias, mas a mulher falava tão alto e tão rápido que acho que todo o parque da Jaqueira estava por dentro da conversa dela. Ninguém merece...
Já vivemos em mundo com tanta poluição sonora e encontrar mais um emissor de sons que não interessavam à grande maioria dos que estavam na redondeza é para se lamentar. Que mulher mal-educada... E como existem pessoas mal-educadas nos cenários acústicos da vida!
Repito: a mulher não parava um segundo. Falava tão alto que divulgava a história do síndico do prédio dela, do qual ela não gostava. Ela dizia:
_ Aquele síndico é um safado, não cuida da nossa segurança, o prédio está entregue as baratas. Se chegar um ladrão lá, eu faço questão de falar com o ladrão e dizer para ele ir lá no 606, fazer uma visita àquele síndico...
Naquele exato momento, estava dando um gole na água-de-côco, mas a conversa estava tão inoportuna que quase me engasgava tamanho mal-estar. Ainda pensei, no momento em que ela disse que iria falar com ladrão para ir no apartamento do síndico, de dizê-la: "Olhe, não se esqueça também de dizer ao ladrão que quando ele sair do apê do síndico, para ir logo após tomar um cafezinho na casa da senhora". - mas achei melhor ficar calado mesmo, pois com pessoas que falam muito e aborrecem tanto, aprendi que devemos ser objetivos em nossas palavras, em alguns momentos ficar até calados e se possível cairmos fora, e foi o que fiz: cai fora daquele lugar onde estava a mulher Blablabá, pois quem iria ficar doido seria eu.
Alguns minutos depois, fui refletir o caso e tive pena da mulher Blablabá, porque talvez ela encontrava com suas amigas uma forma de extravasar as suas angústias, as mágoas e decepções, como se fosse uma terapia.
A minha raiva humana se amenizou mais e tive dó do blablabá da mulher Blablabá, mas mesmo assim continuava com minha opinião que ela estava sendo intransigente e sendo perversa com a audição alheia, em um local público.
Com toda essa história, ainda passou por minha cabeça uma reflexão:
Será que a mulher Blablabá vai ter coragem de pedir ao ladrão para roubar o síndico?
Bem, quem vai deixar de blablabá agora vai ser eu, se não é capaz de ela mandar o meliante assaltar a minha morada, se eu continuar com muita conversa...
Marco Valério
desenho de Marco Valério (A mulher Blablabá)
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