A evolução do termo que virou sinônimo de sexo, comércio e cultura.
Para sabermos a origem da "transa" é preciso irmos procurar na história, os caminhos trilhados por essa palavra, em diversas circunstâncias de tempo e de espaço, na nossa sociedade, bem como analisar como a mesma entrou nos textos escritos.
O professor de Língua Portuguesa da USP, Mário Eduardo Viaro, autor dos livros "Por trás das palavras" (Globo:2004) e "Etmologia" (Contexto: 2011) nos faz uma excelente análise da viagem feita pela "transa". Ops! Nada de malícia, caros leitores, pelo menos por enquanto...
O verbo "transar", segundo prof. Mário Eduardo, já se encontra desde do século XIX em espanhol, que possivelmente o criou, e passou a ser frequente no português brasileiro no final da década de 60, do século XX, com o sentido de "negociar". Ex.: "Portanto o empregado transa o quê? O direito à indenização que adquiriu pelo trabalho regular" (João R. Fassbinder Teixeira-Direito do trabalho, 1970).
E continuando, no progredir do tempo, na década de 70, a "transa" passou da área das negociações para assuntos e conversas de modo geral (sobretudo descontraídos e prazerosos), mas não ainda se levava em conta ao ato de relacionamento sexual, que só foi entendido assim, com o passar dos ponteiros dos relógios.
Em 1980, a palavra alvo de nosso escrito começava a ter a consolidação de seus dois significados, a convivência do novo com o antigo.
"Mudamos o horário das massagens pra noite e combinei uma transa com o Rogério.
_Que espécie de transa? Sexual?
_Era". (Estórias de Crimes e do Detetive Waldir Lopes, de W. Bariani Ortêncio).
Em 1985, o sentido sexual prevalece, aparentemente junto com a discussão sobre a AIDS no Brasil e os outros sentidos se tornaram fora de moda.
A retomada
Mais recentemente, na década de 90, o sentido antigo tomou novo fôlego, sobretudo na forma participial: "transado": o diminutivo "transadinho" para passar a mensagem de algo legal e bacana.
O que vemos é a mobilidade de interpretações da palavra, com o passar dos tempos, em que gerações mais novas e antigas se interagem com a comunicação e o contexto de suas vivências. Então, é importante os mais moços compreenderem os mais experientes, e vice-versa.
Só para encerrar:
Aqui, para nós, eu vou lhes fazer uma pergunta:
O nosso blog tá ou não tá bem transado?
Abraços!!
Marco Valério
Fonte: Revista Língua Portuguesa, abril, 2011.
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