segunda-feira, 28 de maio de 2012

A oratória em versos


(I)
Quero falar um benefício

Que baterá coração

Essa louca emoção

Que é arte e ofício,

Para uns é sacrifício.

Falo da arte de falar.

Falar e emocionar

O público que se cala

Por isso, admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(II)
Vê o camelô na rua!

No meio de um alvoroço

Consegue encher o bolso

Com aquela atração sua

E ainda que se inclua

O seu jeito de falar.

Vende muito sem parar.

Do lucro compra um opala.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(III)
Aqui, vai minha homenagem

Ao amigo repórter,

Conduzido por transporte

Nos traz junto com sua imagem

Riqueza em sua linguagem

Ao mostrar o mundo chorar

Pelas vítimas em Bagdá,

Em Faluja ou Kerbala.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(IV)
Agradecerei também

Ao contador de estória

Da infância a memória

Dos fantasmas do além,

Odaliscas no harém

Jogando o ventre no ar.

E o pescador lá no mar

Clama a sereia pra amá-la.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(V)
E passando pra tribuna

Já lembro do advogado.

Do argumento faz legado,

Das palavras faz fortuna.

Réu, juiz, juri e testemunha

Ouvem o seu discursar.

Na sentença a constatar

A condenação do canalha.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(VI)
Quando se chega a eleição,

Se destaca o político.

O bruto torna-se simpático.

O santo hoje era cão.

E no fim da votação,

Vai virar parlamentar

Ou chefe a governar,

Se perder arruma a mala.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(VII)
Ligo a televisão

E o apresentador

Mostra logo o seu amor

Pela comunicação.

E é com animação

Que faz jus ao seu falar.

O Sílvio Santos no teu lar

Na tv no meio da sala.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(VIII)
No domingo, o sino bate

Chamando os cristãos pra missa

Menino, velho, noviça

Veem o padre em ataque

Contra a fome em destaque

No meio em que se está.

A fé dita do altar

Não admite a cabala.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.



(IX)
No momento da partida

Entrego o meu ser a Deus.

Ó pai que nos concedeu

O privilégio da vida.

O poeta em sua despedida

Escuta o declamar

Da poesia deste andar,

Lá do céu a espiá-la.

Por isso admiro quem fala

Pra todo mundo escutar.


Marco Valério


(Poesia com mote escrita em 2004)


Um comentário:

Unknown disse...

Excelente, uma das principais competências de um profissão, principalmente das humanas é o dom da oratória. Bem lembrado dos repórteres e advogados. Só "esqueceram de nós" os médicos. Parabéns.