quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Do vinho para a água

(I)
Encontrei este cachorrinho,

Na terra quente ao meio-dia.

Uma reflexão no meu caminho:

Seu olhar não era de alegria.

Abandonado sem carinho,

Com fome e sem moradia.


(II)
Triste, as orelhas caídas

Refletiam na face sua alma.

“_ Não existem outras saídas.”

-Ele devia pensar com calma.

Suas vias aéreas ocluídas

Pelo destino de sua palma.


(III)
No chão, havia rastro de carro,

Cacos de telha, folhas toscas,

Gravetos deitados no barro.

Sua vida entregou às moscas.

Do bom vinho pra água em jarro,

Nossas vidas se tornam foscas.



Marco Valério Gomes Batista Gonçalves (06/01/2011)
Foto por Marco Valério, 2007.

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