quarta-feira, 25 de julho de 2012

A porção do amor


Havia em uma vila, um velho sábio que era o amparo de uma população de moradores no alto de uma montanha linda.

O sábio era chamado pelas pessoas de "Mestre". Tudo estava em paz naquela vila, quando em um dia chegou um estranho naquela localidade.

Aquele estranho era um feiticeiro, que sabendo da liderança do Mestre, ameaçava o domínio da vila. Ele pediu às pessoas da região para levá-lo ao Mestre.

As pessoas, então, levaram-no ao encontro. Todas elas estavam apavoradas com a presença daquele feiticeiro.

O feiticeiro no primeiro olhar ao Mestre, já foi dizendo:

_ Ouvi falar da sua pessoa, que tudo sabe... Então, preparei três porções contidas nestes frascos de cristais iguais, em cada um deles existe um sentimento (ódio, indiferença e amor). Vou misturar a posição deles diante de seus olhos e a porção que você escolher terá que bebê-la e o sentimento escolhido será o sentimento de toda a vila...- neste momento os moradores de lá estavam todos aflitos.

O feiticeiro continuou:

_ Você, Mestre, terá direito a fazer um pedido, assim como de refazer um erro, antes de abrir qualquer frasco. Sugiro-lhe para me pedir para não arriscar em escolher nenhuma porção, pois se beber a porção errada, todo mal se espalhará na população. E se quer refazer o erro de não escolher, proponho que deixe a vila para que eu assuma a liderança do povo...

O Mestre olhou para o feiticeiro e lhe disse:

_ Eu escolherei o que for melhor para o meu povo. Aceito o desafio.- todos estavam temerosos, afinal eram as vidas deles que estavam em jogo.

O feiticeiro que sabia as porções contidas em cada frasco, com a habilidade de suas mãos e diante dos olhos atentos do Mestre, misturou as posições dos frascos no tabuleiro, rapidamente, e de uma forma tal que o sábio ficou confuso na posição real de cada sentimento. O feiticeiro falou:

_Pode escolher agora, Mestre!- então, o idoso mestre lhe disse:

_ Com o pedido que tenho direito, eu lhe peço que me apresente dois fracos para que eu possa escolher um entre eles, estando no  sentimento do seu interior, feiticeiro, a porção do frasco que ficar com você.

Prontamente, o feiticeiro lhe apresentou dois frascos para o grande mestre responder a porção que iria beber e espalhar aquele sentimento em toda população. O medo era se ele escolhesse o ódio ou a indiferença.

Dois frascos estavam diante do desafiado -todos estavam em silêncio nesta hora, quando subitamente o Mestre colocou os dois frascos em suas mãos e os misturou novamente. Desta forma, o feiticeiro não poderia saber mais qual era a porção de cada frasco daqueles dois. O sábio com isso cometera um erro.

O Mestre, então, falou:

_Tenho direito também de refazer um erro, antes de abrir qualquer frasco, para isso escolha você, feiticeiro, um destes dois frascos e como você sabe o gosto de cada porção, beba-a e refaça o erro.

O feiticeiro escolheu o frasco e bebeu a porção e imediatamente morreu com todo ódio do mundo. O frasco que ficara com o mestre era do amor.

Curiosos, as pessoas ali presentes perguntaram ao sábio como ele sabia que o feiticeiro iria deixar o frasco do amor para ele e para todos da vila.

O Mestre lhes falou:

_Quando eu pedi ao feiticeiro que me apresentasse dois frascos daqueles três, com o sentimento do frasco que ficasse com ele, vocês acham se ele tivesse ficado com a porção do ódio, ele me daria a possibilidade de escolher o amor, ainda que numa probabilidade de cinquenta por cento? Claro que não. Vamos, além, se ele tivesse ficado com a porção do amor, será que ele teria me ofertado as porções com o ódio e com a indiferença? Claro que não. Quem ama, nunca iria fazer isso. Então, a única possibilidade que ele teria era de ter ficado com a porção da indiferença.

Alguém perguntou ao mestre, como ele sabia, então, que no segundo momento, o feiticeiro iria escolher a porção com ódio. Ele respondeu:

_Ao misturar aquelas porções que me restavam, eu apenas sabia que diante de mim havia as porções de ódio e do amor. Aquela atitude minha fez com que o feiticeiro não soubesse mais quem era o que. Se ele tivesse escolhido a porção do amor, na primeira gota em contato com o seu paladar, ele não permitiria que eu tomasse  a porção do ódio nem iria fazer o mal a ninguém, mas o que aconteceu é que ele escolheu a porção errada logo de cara e morreu com o seu próprio ódio.

Todos aplaudiram o Mestre com as sua perspicácia e explicações, para novamente voltar um silêncio, pois aquele sábio queria dizer uma palavra final:

_ Meus queridos, essa história toda que vivemos, tiremos um lição: no final, o amor prevalece...


Marco Valério Gomes Batista Gonçalves (este texto foi escrito por mim, em um momento de extrema inspiração)


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